sábado, 8 de novembro de 2008

Minha inspiração.

Flor do sol

Refletindo descobri o significado da "flor do sol" (girassol) em minha vida profissional. O solo é o lugar onde os homens cultivam os girassóis. Para o homem, a família, a escola e a sociedade são lugares onde são desenvolvidas habilidades, cultura e identidade. Existem vários tipos de solos: Os que não são bons para a plantação e os que permitem maior produção de vegetais.
Existem vários tipos de famílias, escolas e sociedade. Há famílias que protegem, acolhem e outras que abandonam. Tem escolas que promovem o conhecimento e a cidadania e escolas que moldam através de regras, disciplinas e conteúdos. Há sociedades democráticas, que lutam contra os preconceitos e desigualdades e sociedades que promovem as guerras, subordinam e exploram os mais fracos.
Descobri que todas as variedades de girassóis podem se desenvolver em solos pobres, tornando-se uma grande flor que chega a atingir até 30cm de diâmetro e três metros de altura , exigindo áreas amplas para seu desenvolvimento.
Assim encontramos muitas pessoas, que como o girassol, tem sua origem em família, escola e sociedade pobre. Pobre em cultura, informação e conhecimento, mas se tornam grandes no trabalho, na vida e na luta por um mundo melhor.
Entre os girassóis encontramos flores bicolores, em branco puro, amarelo, laranja, castanho e marrom.
Entre as pessoas, encontramos as que caminham com desenvoltura e as que caminham de forma estranha; as que compreendem facilmente e as que pouco compreendem; as que são videntes e as que não enxergam, as que possuem audição e as que não ouvem.
Os girassóis são classificados como plantas ornamentais, mas possuem sementes com propriedades medicinais e que contém óleo, que quando extraído pode ser industrializado.

Devemos respeitar as características e as diferenças entre as pessoas, acreditar no que cada um pode contribuir na família, escola e sociedade.
Se o girassol é tolerante com o solo pobre, a falta de água e de luz virando-se na direção do sol, as pessoas podem aprender a ser tolerantes e respeitarem uns aos outros e só assim, apesar de tantas faltas e sombreamentos, todos poderão continuar lutando e movimentando-se em busca de luz, de alternativas e de superação.
É a partir desta linha de pensamento, que venho fazendo minhas buscas, construindo projetos de trabalho, investindo em meus alunos surdos, desejando que cada um, torne-se um grande girassol, ocupe seu espaço em busca de sua luz .

Professora Gelcy (Neca) / Osório

sábado, 25 de outubro de 2008

Todos passaram pela Educação Infantil

Com diferente tempo de permanência devido a idade, naquele ano todos estavam juntos na Classe Infantil. Foi nesta época que contei com o auxílio de Getúlio como auxiliar voluntário. Sua presença foi muito importante para realiação do meu trabalho.
Willian chegou logo após uma curta experiência de exclusão numa turma de ouvintes de Educação Infantil. Usando fraldas, com sério problema nos rins e com saúde frágil era uma criança alegre, cheio de vida, afetivo, esperto levando uma vida quase normal. Em casa precisava desta máquina e durante o resto do tempo usava uma sonda para complemento alimentar. Ao lado de uma mãe guerreira enfrentou várias hospitalizações até ter condições de receber um rim de seu pai. A luta e a força dele e da mãe me fizeram perceber que trocar as fraldas de um aluno se tornou uma ação pequena e insignificante. A partir da situação dele a bricadeira de médico fazia parte do cotidiano desta turma. Foi a forma que encontrei para Willian lidar com sua realidade, os colegas aprenderem a conviver com a situação e eu, como professora, podia perceber as representações que faziam. As brincadeiras foram evoluindo e muitas bonecas nasceram em partos feitos na sala de aula.
Caroline (4anos), Aline (5anos), Willian (5anos), Roger (4anos), Bibiana (3anos) formaram a primeira Classe de Educação Infantil Específica para Surdos.
Com o passar do tempo a escola foi assumindo a identidade de nossos alunos Surdos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É preciso ter um bom começo de vida escolar.

Este foi o primeiro grupo a concluir a educação infantil.
Chegaram com fraldas, mamadeiras, bicos, cheirinhos ávidos para explorar e conhecer tudo o que tinham direito.
No princípio me questionei: Por onde começar? Como introduzir sua língua natural (LIBRAS)? Que recursos utilizar? Como deveria ser um ambiente propício?
Logo me dei conta que antes de tudo eram crianças. As necessidades, os interesses, a curiosidade são inerentes a infância seja ela no mundo do silêncio ou no mundo do som. Foi deste princípio, da pedagogia do "amor com firmeza" que tudo começou.



Elisandro, Getúlio, Tiago, Míriam, Franciele, Débora foram os pioneiros a concluir o ensino fundamental em classes específicas para Surdos.
Elisandro viajou durante anos de Maquiné para Osório. Lutou contra todas as dificuldades das mais variadas e ao lado de uma grande MÃE venceu.
Getúlio uma simpatia de pessoa, alegre, super sociável conquistou todos os colegas surdos e ouvintes da escola. Ensinou LIBRAS para um grupo de familiares como voluntário e foi meu ajudante quando trabalhei com a classe infantil.
Tiago educado, introspectivo, responsável, cauteloso representava a maturidade no grupo. Lembro que a dificuldade em comunicarmos foi o
grande incentivo para aprender LIBRAS.
Franciele meiga, inteligente, querida com todos.
Débora chegou da 5ª série do ensino regular sem formar se quer uma frase em português. Sua força de vontade a fez crescer e vencer.
Com eles muito mais aprendi do que ensinei.
Por causa deles a escola ampliou os estudos da classe infantil a 8ª série do ensino fundamental em classes específicas para Surdos.
VALEU! Com vocês começaria tudo outra vez...





Final de uma jornada



Míriam Nunes Paz
Foi a grande razão da luta iniciada pela diretora da escola, na época, Elizete que ao encontrar uma aluna surda no ensino regular, sem alcançar uma efetiva aprendizagem, criou uma classe específica para Surdos.
Com ela aprendi as noções básicas de LIBRAS ( Língua Brasileira de Sinais) e fui introduzida no mundo da surdez.
Foi minha auxiliar, companheira, confidente e aluna quando resolveu retomar os estudos.

domingo, 31 de agosto de 2008

Canção da Escola.


Canção da Escola

Primeira fonte dos anjos
Abrigo seguro segmento do lar
Nossa grande família comunhão escolar
A casa dos sonhos o saber e o amar

Cônego Pedro minha escola
Meu porto meu cais
No mar do saber pra você
Somos especiais

Luz do nosso sonho ensinar
Semeando o trigo o pão do saber
A palavra, o som o gesto o sinal
A vida na alegria o amor florescer

Redimensionamento da Educação dos Surdos.




ABORDAGEM EDUCACIONAL
Surdez como forma diferenciada de perceber e entender o mundo;
Uso da comunicação visual para o ensino;
Adaptação curricular, inserindo no currículo a história dos Surdos, a cultura, a arte e a construção da identidade;
Contato com a comunidade Surda como fator importante na construção da identidade;
A presença do Surdo adulto como modelo de identificação da criança;
Reconhecimento da Língua de Sinais como língua natural dos Surdos e, portanto, a língua de ensino e instrução;
Português como segunda língua;
Importância das articulações entre a Educação Global;
Construção do conhecimento proveniente da ação do aluno.

Instrutora de LIBRAS


Marisol de Torres foi a segunda instrutora importante no desenvolvimento da Língua de Sinais entre os alunos.

Vivência de cidadania.





Ciação da Associação dos Surdos, participação na primeira Conferência Regional da Criança e do Adolescente.

Datas coomemorativas.





Valores, princípios,afetividade, cultura, folclore através das datas comemorativas.

Integração com os ouvintes.



Alunos da mesma escola e do curso normal.

Acesso a multimídia.


Projetor de slides, retroprojetor, episcópio, DVD, TV, vídeos, laboratório de informática implementando o ensino-aprendizagem.

Passeios, visitas, encontros...









Visita ao Espaço Cultural Conceição, Parque Aquático, Encontro de pais, alunos e professores, Excursões, visita a outras cidades, Visita a colônia de férias de Capão da Canoa,Diferentes espaços de nossa cidade,Museu da PUC, Museu Júlio de Castilhos, Planetário...

Acesso ao teatro.





Trouxemos de POA o teatro da Escola Especial Concórdia e Lilian Mazeron.
Assistiram teatros proporcionados por nosso município.

Encontros Esportivos.





Nosso time era tão reduzido que não tinhámos reserva, mas participaram em Canoas, Esteio e em 2001 a abertura dos jogos foi em nossa cidade. Recebemos Canoas,Esteio, Gravataí, e POA.

Acantonamento

Poso na escola,jogos e muito papo.

Contato com a comunidade Surda.


Passeio a praia de Mariluz com colegas Surdos de Butiá, Charqueadas e Triunfo.

Contato com histórias


Colocamos das mais diversificadas formas os alunos em contato com as histórias infantis que por falta de comunicação não tiveram acesso.

Novos paradigmas

(de chapéu de palha Lisandra nossa primeira instutora de LIBRAS)
Esta nova postura e trajetória se consolidam quando a Escola integra-se ao Projeto “Surdez em Rede: investindo na Língua dos Surdos no interior”, realizado pelo NUPPES (NÚCLEO DE PESQUISAS EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS)/ FADERS (FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PPDs E PPAHs NO RS) e com o apoio da Secretaria Estadual de Educação e FENEIS (FEREÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS). Nossos alunos foram contemplados com uma instrutora surda de LIBRAS durante o ano letivo de 2001 e participaram de encontros com outras classes específicas de surdos, vivenciando ativamente o convívio em comunidade. Por sua vez, os professores continuaram buscando atualização dentro da nova proposta para o ensino especial em seminários, encontros, congressos, fóruns e cursos.

Início do Trabalho


As duas turmas formadas na época da autorização eram de alunos oriundos do ensino regular, cujo fracasso era conseqüência da falta de uma metodologia adequada, e de alunos vindos de escla especial na área mental, onde, assim como em nossa escola, o enfoque à diferença destes era interpretada como deficiência, numa visão patológica e com o objetivo de intervir para remediar tal condição. Os alunos, como pacientes, relacionavam-se com o conhecimento passivamente, como meros depositários.

Diante desta realidade, a escola buscou novos paradigmas e iniciou um trabalho de valorização do aluno surdo como sujeito de própria história, investindo nos mais variados recursos para melhor atendê-los.

Os surdos são pessoas que utilizam a comunicação espacial e visual como principal meio de conhecer o mundo, em substituição à audição e à fala. Com esse entendimento, nós professoras buscamos habilitação para o uso da Língua Brasileira de Sinais(LIBRAS) e iniciamos o ensino através do bilingüismo, tornando-se a educação bilíngue e bicultural.

Educação para Surdos


Em 1998 igresso na educação especial trabalhando em Classe Específica para Surdos.

domingo, 3 de agosto de 2008

Finalmente Professora Jardineira!


Em 1987 ao mudar para POA em virtude do meu casamento finalmente torno-me professora Jardineira. A idéia nasceu em 1977 e só em 1986 ela se realiza. Durante 11 anos brinquei, cantei, contei histórias...Enfim tudo o que se faz com esta faixa etária. Hoje minha emoção é reencontrá-los e ser encontrada por alguns deles no ORKUT.

Professora do Curso de Magistério


Trabalhando com crianças,finalizando a faculdade e começava a lecionar no curso de formação de professores. Por ser baixa as meninas me chamavam carinhosamente de micro professora.Com elas comecei a socializar minhas primeiras experiências.

Novos Horizontes


Em busca de minha graduação fui de mudança para Novo Hamburgo morar com uma amiga e com minha irmã,fazer faculdade e trabalhar numa escola municipal da periferia. Como diz uma antiga canção "O mundo gira de pressa e nestas voltas eu vou.." Uma revolução em minha vida.