sábado, 25 de outubro de 2008

Todos passaram pela Educação Infantil

Com diferente tempo de permanência devido a idade, naquele ano todos estavam juntos na Classe Infantil. Foi nesta época que contei com o auxílio de Getúlio como auxiliar voluntário. Sua presença foi muito importante para realiação do meu trabalho.
Willian chegou logo após uma curta experiência de exclusão numa turma de ouvintes de Educação Infantil. Usando fraldas, com sério problema nos rins e com saúde frágil era uma criança alegre, cheio de vida, afetivo, esperto levando uma vida quase normal. Em casa precisava desta máquina e durante o resto do tempo usava uma sonda para complemento alimentar. Ao lado de uma mãe guerreira enfrentou várias hospitalizações até ter condições de receber um rim de seu pai. A luta e a força dele e da mãe me fizeram perceber que trocar as fraldas de um aluno se tornou uma ação pequena e insignificante. A partir da situação dele a bricadeira de médico fazia parte do cotidiano desta turma. Foi a forma que encontrei para Willian lidar com sua realidade, os colegas aprenderem a conviver com a situação e eu, como professora, podia perceber as representações que faziam. As brincadeiras foram evoluindo e muitas bonecas nasceram em partos feitos na sala de aula.
Caroline (4anos), Aline (5anos), Willian (5anos), Roger (4anos), Bibiana (3anos) formaram a primeira Classe de Educação Infantil Específica para Surdos.
Com o passar do tempo a escola foi assumindo a identidade de nossos alunos Surdos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É preciso ter um bom começo de vida escolar.

Este foi o primeiro grupo a concluir a educação infantil.
Chegaram com fraldas, mamadeiras, bicos, cheirinhos ávidos para explorar e conhecer tudo o que tinham direito.
No princípio me questionei: Por onde começar? Como introduzir sua língua natural (LIBRAS)? Que recursos utilizar? Como deveria ser um ambiente propício?
Logo me dei conta que antes de tudo eram crianças. As necessidades, os interesses, a curiosidade são inerentes a infância seja ela no mundo do silêncio ou no mundo do som. Foi deste princípio, da pedagogia do "amor com firmeza" que tudo começou.



Elisandro, Getúlio, Tiago, Míriam, Franciele, Débora foram os pioneiros a concluir o ensino fundamental em classes específicas para Surdos.
Elisandro viajou durante anos de Maquiné para Osório. Lutou contra todas as dificuldades das mais variadas e ao lado de uma grande MÃE venceu.
Getúlio uma simpatia de pessoa, alegre, super sociável conquistou todos os colegas surdos e ouvintes da escola. Ensinou LIBRAS para um grupo de familiares como voluntário e foi meu ajudante quando trabalhei com a classe infantil.
Tiago educado, introspectivo, responsável, cauteloso representava a maturidade no grupo. Lembro que a dificuldade em comunicarmos foi o
grande incentivo para aprender LIBRAS.
Franciele meiga, inteligente, querida com todos.
Débora chegou da 5ª série do ensino regular sem formar se quer uma frase em português. Sua força de vontade a fez crescer e vencer.
Com eles muito mais aprendi do que ensinei.
Por causa deles a escola ampliou os estudos da classe infantil a 8ª série do ensino fundamental em classes específicas para Surdos.
VALEU! Com vocês começaria tudo outra vez...





Final de uma jornada



Míriam Nunes Paz
Foi a grande razão da luta iniciada pela diretora da escola, na época, Elizete que ao encontrar uma aluna surda no ensino regular, sem alcançar uma efetiva aprendizagem, criou uma classe específica para Surdos.
Com ela aprendi as noções básicas de LIBRAS ( Língua Brasileira de Sinais) e fui introduzida no mundo da surdez.
Foi minha auxiliar, companheira, confidente e aluna quando resolveu retomar os estudos.